‘Sal do Samba, anos 2000 ou século XXI, a Redescoberta da Pedra do Sal’

‘Sal do Samba, anos 2000 ou século XXI, a Redescoberta da Pedra do Sal’

Por Mauro Viana
Fotos: divulgação

O projeto “Sal do Samba, anos 2000 ou Século XXI, a Redescoberta da Pedra do Sal” completará 23 anos, no Dia Nacional do Samba, dia 2 de dezembro de 2023. Por motivo óbvio e, claro, se a conjuntura de guerra permitir, o primeiro dia da festa de aniversário está marcado para 20 de novembro de 2023, Dia Nacional da Consciência Negra. O segundo encontro será no Dia Nacional do Samba. Na primeira parte, a programação terá seminário e lançamento de livro. Na sequência, roda de samba com os artistas que saíram do projeto “Sal do Samba”.

Segundo os organizadores, “a festa de 23 anos do projeto ‘Sal do Samba’ foi a forma que a comissão da Associação Cultural República do Samba encontrou para deflagrar campanha, em favor da “revisão político racial da história recente da Pedra do Sal” e, por extensão, da Região Portuária do Rio de Janeiro. Afinal, não se encontram – afirmam – registros oficiais sobre a mobilização dos moradores da Região Portuária contra a instalação do Museu Guggenheim (ex-prefeito César Maia), em 1998. E o que dizer sobre o apagamento da resistência dos moradores, a partir de 2008, ao Consórcio Porto Maravilha? É importante registrar- concluem – que a posição dos moradores, na verdade, sempre foi, obviamente, contra a gentrificação.

A oposição popular à versão, século-21, do “Bota-Abaixo” (1903), de Pereira Passos, no entanto, ficou restrita às pautas de grupos organizados da Região Portuária. Economicamente, o foco da mídia se agregou à milionária reforma da Região Portuária cujo consórcio de empresas privadas o batizou de Porto-Maravilha. Sucesso de público e de crítica, o chamado Porto Maravilha compra toda a imprensa corporativa, e por isso, protagoniza um festival de manchetes, nas mais diversas plataformas midiáticas.

Na outra ponta da trama, estão os doutores pesquisadores de várias áreas do conhecimento (História, Economia, Direito, Comunicação, Sociologia, Antropologia). Na esteira do “sucesso” do empreendimento público-privado, a comunidade acadêmica “descobriu” a Pedra do Sal, em 2012 e por extensão, a Pequena África. Acredite-se ou não, os bancos de teses de várias universidades, muito bem conceituadas, estão repletos de pesquisas comprovadamente científicas sobre o “renascimento” da Pedra do Sal, a partir de 2011. O marco inicial é unânime: Porto Maravilha. Em quase sua totalidade, as monografias, dissertações e teses (2010 a 2015) não apresentam o capítulo “Sal do Samba, Anos 2000 ou Século XXI, A Redescoberta da Pedra do Sal”. Como a história se repete, muitas vezes, o tempo todo; o consórcio midiático governamental construiu uma historiografia da Zona Portuária carioca (a partir da segunda a década do anos 2000) conforme rezava a conveniência financeira. Felizmente, o mesmo grupo político, que se reuniu para barrar o Guggenheim, no final do século passado; que denunciou a gentrificação do tal “Porto Maravilha”, é o mesmo grupo que decidiu revisar a história da Pedra do Sal e da Região Portuária, na própria Pedra do Sal, nos dias 20 de novembro de 2023 e, no dia 2 de dezembro de 2023.

Confira a programação 2023 do “Sal do Samba, anos 2000 ou século XXI,
a Redescoberta da Pedra do Sal”:

20 de novembro 2023

9h – credenciamento / boas-vindas;
10h – seminário “Sal do Samba: Ação Cultural Libertadora da Comunidade Negra da Região Portuária contra um conjunto “políticas públicas” eugenistas da branquidade patriarcal hétero-normativa”;
12h – almoço;
14h – seminário “Sal do Samba, anos 2000 ou Século XXI, a Redescoberta da Pedra do Sal”;
16h – lançamento do livro “Sal do Samba, Anos 2000 ou Século XXI, a Redescoberta da Pedra do Sal” (Comissão Organizadora);
19h – roda de samba – grupos Sal do Samba e República.

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