Maninho do Repique 

Maninho do Repique 

Por Luis Leite

O assessor parlamentar Mauricio da Costa Souza de Oliveira, morador do bairro do Méier, é torcedor da Estácio de Sá. Ele começou a tocar repique aos 12 anos, nos blocos de empolgação no Engenho de Dentro. Apesar de tocar quase todos os instrumentos, é do repique que ele gosta mais.

Sua trajetória nas escolas de samba, no entanto, começou em 1991, quando mestre Paulinho Botelho pediu para levar cinco fantasias à quadra da Estácio e entregá-las ao mestre Ciça. Ao chegar à quadra, Ciça lhe perguntou se ele queria desfilar na bateria da Estácio. O “sim” foi imediato.

“Ciça me pediu para eu pegar a fantasia no domingo. Eu não fui. No entanto, como eu tinha conseguido ingresso para assistir aos desfiles de segunda-feira, assim fiz. Estacionei meu carro na porta da quadra antiga da Estácio e resolvi entrar para dar uma olhada. Lá chegando, para minha surpresa, sentado no fundo da quadra, o mestre Ciça me perguntou: “Qual é irmão? A sua fantasia está aqui”. Aí, não tive escolha. Peguei a fantasia e o repique e corri para desfilar. Confesso que foi umas das maiores emoções da minha vida. Me apaixonei pela bateria e pela escola”.

Hoje, aos 51 anos, Mauricio da Costa já saiu na bateria da Caprichosos de Pilares, Grande Rio, Porto da Pedra, Unidos da Tijuca, Imperatriz, Unidos do Viradouro, Portela, Império Serrano, Vila Isabel, Estácio de Sá, Em Cima da Hora, Beija-Flor, Império da Tijuca, Unidos de Bangu, União de Jacarepaguá, União da Ilha, Acadêmicos do Engenho da Rainha, Tradição, Vizinha Faladeira, Lins Imperial, Unidos do Cabuçu e Acadêmicos do Dendê.

Com a vasta experiência em diversos ritmos, bossas e comandos diferentes, ele avalia as convenções necessárias em função das cobranças dos jurados, porém acredita que o exagero é o que pode atrapalhar: “Sou amante do ritmo correr solto. Acho que o exagero nas convenções é o que pode atrapalhar (uma bateria).  Ajuda o ritmo? Não!  É preciso fazê-las, pois os jurados cobram inovação e ousadia”.

Atualmente Maurício sai na Estácio de Sá e Unidos do Viradouro, mas foi pela sua escola de coração que ele viveu um dos melhores momentos de sua vida: “ A Estácio de Sá se sagrou campeã em 1992, com “Paulicéia Desvairada”, e nesse ano a bateria deu um show com a paradinha. Sem dúvidas foi o ano que marcou a minha vida.

Fã de mestres como Ciça, Odilon, Rodney, Paulo Botelho, Chuvisco, Alcyr Explosão, Taranta, Russo, Dacopê, Celinho, Capoeira, Esteves, Mug e Paulo Renato, o Ritmista do OBatuque desta semana formaria sua bateria da seguinte forma: dez surdos de 1ª, dez surdos de 2ª, 12 surdos de 3ª, 120 caixas de guerra, 45 repiques, 36 tamborins, 20 chocalhos, 15 cuícas e 12 agogôs.

Indagado sobre o ritmista que ele mais admira, Maurício diz que não tem como escolher um, já que, segundo ele, existe “uma penca; todos são monstros”. Monstros assim como ele, que aposta na fé, sob o sinal da cruz feito três vezes, para que dê tudo certo durante os desfiles.

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