Escolas da Série A abrem desfile embaixo de um aguaceiro
Texto e foto: Luis Leite
O primeiro dia de desfiles da Série A, realizado nessa sexta-feira (1), foi marcado pelo temporal que atingiu o estado do Rio de Janeiro. O aguaceiro alagou a Marquês de Sapucaí e fez com que a organização do evento atrasasse em meia hora o início do desfile da Unidos da Ponte, a primeira escola a desfilar.
Depois da chuvarada, a campeã Série B do ano passado, a Unidos da Ponte, teve a honra de abrir os desfiles da Marquês de Sapucaí, com a reedição do Carnaval 1984, com o tema “Oferendas”, um enredo referencial às comidas oferecidas aos orixás nas religiões africanas.
Apesar da chuva, embalados pelo bom samba com uma melodia contagiante, a Ponte fez uma boa apresentação com fantasias e alegorias simples que devem garantir sua permanência na Série A no ano que vem.
Alegria da Zona Sul
A segunda a pisar na avenida foi Alegria da Zona Sul, com enredo “Saravá”. A escola contou, através do Preto Velho, a história da umbanda na religiosidade.
Alegria passou com carnaval bem alegre e empolgante. O samba-enredo, com refrão forte, era cantado por quase toda a escola. Em razão das dificuldades, supostamente pelos problemas enfrentados no barracão, dois carros passaram apagados e praticamente todos tinham falhas no acabamento. Apesar disso, a escola passou bem vestida.
Acadêmicos da Rocinha
Logo após, a Acadêmicos da Rocinha, com o enredo “Bananas para o preconceito”, fez uma excelente apresentação. O carnavalesco Júnior Pernambucano foi muito feliz na opção de materiais. Ele alternou entre materiais tradicionais e os modernos.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira mostrou insegurança no bailado, todavia, levando em consideração o tempo percorrido, mesmo debaixo da chuvarada. O destaque da escola foi a bateria. Os ritmistas exibiram paradinhas com uma excelente afinação.
A Rocinha levou para a avenida luxo e criatividade, mas o samba não ajudou muito e com isso a “Borboleta Encantada” passou fria. Por outro lado, pelo que foi apresentado até o momento, desfilou como candidata ao título.
Acadêmicos de Santa Cruz
Quarta escola a desfilar, a Santa Cruz trouxe o enredo homenageando a atriz Ruth de Souza, a Senhora Liberdade. A Verde e Branca da Zona Oeste fez um desfile leve descontraído, todavia não empolgou o público nas arquibancadas do Sambódromo.
A agremiação enfrentou algumas dificuldades com os seus carros alegóricos, principalmente os dois últimos: “A cabana do Pai Tomás” e o “Ruth de Souza, Senhora Liberdade, abre as asas sobre nós”. Além disso, a Santa Cruz apresentou um conjunto alegórico com pouca criatividade, porém as fantasias estavam de fácil leitura e descreveram o enredo corretamente.
No quesito Evolução, houve um buraco imenso na pista de desfile. A escola teve que correr para não estourar o tempo. Apesar das dificuldades, o destaque ficou para a bateria de mestre Riquinho.
Unidos de Padre Miguel
Outra concorrente ao título, a Unidos de Padre Miguel veio a seguir com o enredo “Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência”, uma homenagem à vida e à obra do escritor Dias Gomes.
A Vermelho e Branco da Vila Vintém fez um desfile empolgante com o canto forte da sua comunidade, interagindo com o público nas arquibancadas. O destaque, no entanto, ficou por conta das alas de passistas,baianas e da última ala, “As doces tentações de Dona Redonda”, que distribuiu doces na pista durante o desfile.
Outra atração, foi a presença de Tia Surica, da Portela, no terceiro carro, “Medalhas do Zé”. Ela foi ovacionada pelo público.
Mesmo com chão ainda molhado em decorrência da chuva, o casal de mestre-sala e porta-bandeira fez uma apresentação com muita classe esbanjando graciosidade e simpatia no seu bailado.
O desfile seria impecável, caso não houvesse problemas com a última alegoria. O carro alegórico ficou destruído em função da chuva. A mão do boneco quebrou e caiu na avenida, causando um enorme buraco no último setor, e com isso, no final, a escola teve que correr, mas não conseguiu terminar a apresentação do tempo regulamentar e estourou três minutos.
Inocentes de Belford Roxo
Penúltima a desfilar, a Inocentes de Belford Roxo, com enredo “Frasco do Bandoleiro”, retratou um paralelo entre as crendices de pessoas que guardam fortunas enterradas em seus quintais, no Nordeste do país, e cenas de casos atuais como a corrupção.
Um dos destaques da escola ficou por conta da comissão de frente “Estrelas do cinema nacional”, e o outro pela alegoria “Cobra com a boca na botija”. Apesar do enredo de difícil leitura, a agremiação evoluiu dentro do tempo e de forma compacta.
Acadêmicos do Sossego
Encerrando o primeiro dia de desfiles na Marquês de Sapucaí da Série A, a Acadêmicos do Sossego trouxe o tema “Não se meta com minha fé. Acredito em quem quiser”, um manifesto contra a intolerância religiosa e pelo o acolhimento de todas as crenças.
Com muita clareza no enredo e organizada, a escola fez um desfile impactante, animando o público nas arquibancadas.
A comissão de frente representou personagens ligados às suas religiões. A evolução e a harmonia passaram bem, entretanto quase se atrapalharam com a terceira alegoria. O destaque do desfile, porém, foi o último carro alegórico: “Não destrua meu terreiro”. alegoria trouxe uma mãe de santo chorosa, com seu terreiro destruído.