Como seria o carnaval se não houvesse os plágios?

Cadê a criatividade?

Por Regina Passaes

Como professora de História, pesquisadora de carnaval e enredista, leio todas as sinopses desde a Série Bronze até o Especial. No momento, lendo e analisando os enredos da Série Prata e suas sinopses, me deparo com esse texto:

“O enredo da Lucas para o Carnaval de 2024 tem como marca principal o resgate da tradição, o resgate dos desfiles clássicos e falar sobre lendas da Floresta Amazônica com muito respeito e capricho. O fio condutor do enredo é a paixão que o torcedor da Unidos de Lucas tem pela escola, é um sentimento que não deixa essa bandeira tão tradicional e histórica parar de girar. E a gente pega esse amor da comunidade e transforma o Galo de Ouro num desbravador. O Galo entra na floresta e, quando retorna, conta o que viu, ouviu e sentiu. E se orgulhando do passado, se inspira nele, para lutar pelo Acesso. Porque a Unidos de Lucas é escola de Marquês de Sapucaí”.

Na hora, fiquei meio espantada… Me remeti a 2019, quando fui enredista da Cova da Onça, de Uruguaiana, extremo Sul do país. Pesquisa, texto e todas as justificativas feitas por mim.
A justificativa da sinopse começava assim:

“A ideia para o Enredo 2019 do S. R. C. E. S. Unidos da Cova da Onça trilhará os encantos, mistérios, lendas e crendices que habitam o imaginário do povo ribeirinho dos rios da Amazônia. O narrador que conduzirá a história será a própria onça, símbolo da agremiação.”

Em uma parte da minha sinopse escrevo: “Retorno, maravilhada com tudo que vi e com tudo o que aprendi. Agora, trago para o meu povo contar, as maravilhas que conheci pelas bandas de lá”.

Pois bem, me ajudem a entender… Será mera coincidência? Eu não acredito em compatibilidades. Aqui não se trata da repetição de um tema, aqui, vemos claramente que, na mesma linha de pensamento, eu arriscaria a dizer que se trata de uma REEDIÇÃO.

A única diferença é: num lugar temos a onça, e de outro, o galo. Ficou feio!