Unidos de Padre Miguel, Império e Ilha são os destaques da segunda noite de desfiles da Série Ouro

Unidos de Padre Miguel, Império e Ilha são os destaques da segunda noite de desfiles da Série Ouro

A noite seguiu com apresentações da Sereno de Campo Grande, Em Cima da Hora, Arranco do  Engenho de Dentro, São Clemente e Unidos de Bangu

A segunda noite de desfiles da Série Ouro aconteceu no último sábado (10) com as arquibancada lotadas e o público interagindo com as escolas. A bateria do mestre Vitinho foi um dos pontos altos do desfile imperiano, que apresentou um plástica impecável. Outras brigam pelo título, a Tricolor Insulina fez o dever de casa e trouxe uma comunidade cantando com vontade… uma escola luxuosa. A potência Unidos de Padre Miguel não brincou em serviço e disse para que veio, um arrancada forte, comunidade aguerrida e conjunto alegóricos impecáveis se credenciando para o título.

Primeira escola a desfilar foi a Sereno de Campo Grande, que contou os festejos de 4 de dezembro a Santa Bárbara e Oyá, em Salvador. Logo antes do último carro alegórico entrar, parte dele cedeu. A agremiação foi a única a usar a iluminação cênica durante a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira durante a segunda noite. Os ensaios da dupla começaram em outubro, mas somente nas últimas semanas eles adicionaram a tecnologia na apresentação. 

Quarta escola a entrar na avenida, a União da Ilha do Governador apostou em um samba-enredo inspirado no livro “Amoras”,, do rapper Emicida.  

A história narrada na Avenida teve como protagonistas Amora, referência ao livro, e Doum, um menino associado aos irmãos Cosme e Damião pela umbanda e candomblé. Doum é considerado o protetor das crianças até os 7 anos. Juntos, os dois tiveram como missão falar sobre racismo, intolerância religiosa e outros preconceitos.

A apresentação teve participação da atriz Cacau Protásio, que desfilou à frente da escola, representando uma família real negra na companhia de seu primo, o coreografo Marcelo Chocolate, da sobrinha e de um ator mirim. Priscila Cristina foi a primeira musa a representar a agremiação, e interpretou a junção das divindades africanas.

Com o enredo “A Nossa Luta Continua!”, a Em Cima da Hora levou à Sapucaí um manifesto sobre direitos trabalhistas no Brasil e um protesto contra a precarização do trabalho. No abre-alas da escola de Cavalcanti, Zona Norte do Rio, dois artistas se equilibravam enquanto o ponteiro balançava de um lado a outro, representando o esforço da classe operária para se sustentar.

Uma das alegorias levou uma escultura do presidente Lula no último carro alegórico. Em uma das mãos, o boneco do ex-metalúrgico vinha com um lápis na mão, em referência à luta também pela educação. A outra mão tinha apenas 4 dedos.

Logo atrás da alegoria, os componentes da bateria vestiam uma camisa com desenho em alusão ao quadro “Operários”, de Tarsila do Amaral, com os rostos das pessoas da comunidade de Cavalcante, na Zona Norte do Rio. Em um momento, a bateria fez uma parada, e um componente abriu uma faixa em frente aos ritmistas, com os dizeres “Estamos em greve”.

Davina Rand, rainha de bateria da Em Cima da Hora, vestiu cristais e lâmpadas de led na cabeça, representando a luz no fim do túnel para os trabalhadores, iluminando, literalmente, o caminho dos operários, representados pela bateria.

O Arranco do Engenho de Dentro contou a história da revolução antimanicomial de Nise da Silveira. A psiquiatra foi uma das pioneiras a usar a arte para que seus pacientes expressassem emoções. O enredo, de fácil entendimento, divertiu os foliões da agremiação e das arquibancadas.

Se credenciando para o título, a Unidos do Padre Miguel desfilou com “sangue nos olhos”. A escola já bateu na trave cinco vezes nos últimos 10 carnavais e, este ano, volta a perseguir o sonhado acesso. Cantando a história de Padre Cícero, as fantasias foram um dos maiores destaques da agremiação. A finalização dos figurinos foi a melhor que passou na avenida nesses primeiros dias. Componentes estavam maquiados e com roupas completas — até calçados fabricados para a fantasia.

A São Clemente teve uma concentração conturbada. Horas antes do desfile, componentes de algumas alas descobriram que as fantasias não tinham chegado a tempo e ficariam de fora do desfile. As redes sociais da escola foram lotadas de comentários de reclamações e a diretora de uma das alas gravou um áudio chorando e se desculpando com os foliões. Na Sapucaí, homenageou o baluarte Zé Katimba, que foi aclamado pelas arquibancadas.

A rainha de bateria da São Clemente, Raphaela Gomes, desfilou com o ombro quebrado no segundo dia da Série Ouro, na Marquês de Sapucaí, na madrugada deste sábado. Apesar dos ferimentos também nas pernas, ela cruzou a Avenida sem perder o samba no pé. No entanto, teve algumas dificuldades ao longo do percurso para fazer ajustes nos curativos.

Penúltima escola a desfilar, a Unidos de Bangu decidiu por um samba-enredo sobre São Jorge e sua representação como Ogum, como é conhecido no candomblé e na umbanda. A história narrou a evolução do santo, de guerreiro até ser canonizado. Contada, inicialmente, pelo viés católico, reforçando a ideia do cristão preso e torturado pela sua fé. Depois, migrou para a narrativa das religiões de matrizes africanas, mostrando o sincretismo do santo com Ogum, no Rio de Janeiro, e Oxóssi, na Bahia.

A rainha de bateria, pelo terceiro ano, foi Wenny Isa, irmã da cantora Lexa. A menina, de 14 anos vem ganhando  experiência na Sapucaí e em carnavais de outros estados também.

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