Tradicional lavagem na Sapucaí: teste de luz e som com atual campeã Viradouro

Tradicional lavagem na Sapucaí: teste de luz e som com atual campeã Viradouro
Muito axé: lavagem simbólica da pista para dar sorte nos desfiles

Por Luis Leite e Simone Cristina

Munidas com água de cheiro e ervas, baianas e mães de santo realizaram, na noite deste domingo (10), a tradicional lavagem da Marquês de Sapucaí que antecede o Carnaval 2022. Entre cânticos e danças, o ritual de purificação serve para abrir os caminhos e atrair boas energias positivas nos desfiles oficiais das escolas de samba.

O cortejo contou também com a imagem de São Sebastião, padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro, que pelo sincretismo religioso é correlacionado ao orixá Oxóssi.

Participaram da cerimônia integrantes de velhas guarda, grupos de diversas entidades religiosas, casais de mestre-sala e porta-bandeira, passistas, ciganas, componentes e crianças de todas as agremiações do Rio, trajados de roupas brancas. Estiveram presentes também os Blocos Cacique de Ramos e o afoxé Filhos de Gandhi.

A cantora e compositora Mart´nália veio no carro de som, onde cantou sambas memoráveis ao lado dos intérpretes Nêgo,Leonardo Bessa, Serginho do Porto, e Diego Nicolau. O Prefeito Eduardo Paes acompanhou o evento tocando tantan na bateria comandada pelo Mestre Casagrande.

Unidos do Viradouro: Carnaval, te amo, na vida és tudo pra mim

‘Assinado: um pierrot apaixonado!’ Samba-enredo escrito em forma de carta emociona o público na Sapucaí

Após a lavagem da pista, a Unidos do Viradouro, atual campeã do Carnaval 2020, encerrou a temporada de ensaios técnicos no Sambódromo em grande estilo, num desfile que serviu também como teste de luz e som na avenida. A Vermelho e Branco de Niterói mostrou que segue muito forte na disputa pelo bicampeonato.

Com o enredo “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria”, destaca o sentimento dos cariocas na folia de 1919, após celebrar o fim da pandemia da Gripe Espanhola. Mesmo sendo a única a ensaiar na ocasião, a escola teve uma boa interação com público.

A comissão de frente com bailarinos entre homens e mulheres divididos em dois grupos personificando os toureiros espanhóis e as dançarinas de flamenco.

Com um figurino impecável, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Julinho e Rute Alves mostraram sincronia e experiência no bailado.

Além de algumas alas coreografadas, muitas delas utilizavam adereços de mão, estandartes, sobrinhas, máscaras e rosto pintado revivendo antigos carnavais.

Três veículos motorizados usaram a tecnologia para mostrar imagens projetadas por telões de led alta resolução, um deles exibia personalidades do carnaval retirando a máscara de proteção facial usada durante a pandemia, em referência ao trecho do samba.

Nas bênçãos do tambor

Agremiação de Niterói faz desfile arrebatador

O grande destaque foi a bateria de mestre Ciça que ousou de suas convenções, uma delas conhecida como a “bossa dos pratos”, na encenação os ritmistas se ajoelham, enquanto os repiques no corredor ressoam, e logo em seguida as caixas se levantam mantendo o ritmo, até que os percussionistas de címbalos surgem para acentuar o compasso da bateria.

Mestre Ciça disse à nossa equipe de reportagem que “a expectativa está grande, em poder participar desse momento histórico. Depois de dois anos está voltando a ter o carnaval e o desfile isso não tem preço”.

Sua bateria virá para a avenida com 290 ritmistas e algumas novidades. Segundo ele, haverá um diferencial, que é o que todos esperam dele. Em 2019, por exemplo, Ciça veio para a avenida caracterizado de Merlin. Neste ano, o mestre personificará o fundador da Banda do Bola Preta, tendo em vista que os ritmistas farão alusão à tradicional banda.

E por falar em novidade… o responsável pelos componentes musicais da Viradouro, promete a inclusão de cinco pratos entre os ritmistas. O instrumento costuma ser usado para acentuar o início ou fim de um compasso na bateria.

Por fim, o sambista afirma que a “Viradouro fará um grande desfile e que é uma forte candidata ao título, por ser uma escola super organizada, muito profissional. Dentro da escola tudo é combinado e nada é de improviso e isso que é o diferencial da Viradouro”.

Ostentando um body bordado dourado, Erika Januza reina absoluta à frente dos ritmistas da Viradouro

Estreando no posto de rainha de bateria, Erika Januza mostrou que tem samba no pé. A atriz esbanjou muita beleza e simpatia em sua apresentação, arrancando sorrisos e suspiros de todos na Sapucaí.

No sábado (09), três agremiações do grupo da Série Ouro fecharam o último fim de semana de ensaios técnicos na Passarela do Samba

A Unidos de Bangu foi a primeira escola a se apresentar com o enredo que mistura a história do bairro com a de Castor de Andrade. Apesar da falta de animação por parte de algumas alas, a bateria Caldeirão da Zona Oeste e a comissão de frente foram uns dos destaques da escola, mas com uma harmonia que ainda precisa de alguns ajustes até o dia do desfile oficial.

Depois foi a vez da Porto da Pedra, mostrar suas garras na avenida com o enredo “O caçador que traz alegrias”, fará uma homenagem a Mãe Stella de Oxóssi, escritora e yalorixá.  A escola de São Gonçalo reafirmou seu brilho, força e vontade de voltar ao Grupo Especial.

A terceira e última escola a pisar no solo sagrado do samba foi a Unidos de Padre Miguel com o enredo “Iroko-É tempo de xirê”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira. Em busca do tão sonhado título e o acesso ao grupo de elite, o Boi Vermelho da Vila Vintém brindou o público com uma excelente apresentação.

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