Sambista Dona Ivone Lara morre aos 97 anos 

Sambista Dona Ivone Lara morre aos 97 anos 

Texto e foto Luis Leite

Dona Ivone Lara faleceu aos 97 anos desta segunda-feira (16), Por conta de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória.     A cantora e compositora estava internada desde sexta-feira (13), data em que completou 97anos, no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva da Coordenação de Emergência Regional, no Leblon.  

O estado de saúde de Dona Ivone Lara já era considerado bastante grave e ela precisou receber doações de sangue, pois estava apresentando um quadro de anemia.   A Sambista lutava contra uma infecção renal, com complicações causadas pela idade. Ela já havia sido internada na mesma unidade de saúde em agosto do ano passado.

O corpo da Grande Dama do Samba será velado nesta terça-feira (17) na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira.   O sepultamento está marcado para a tarde, no cemitério de Inhaúma.

Legado para o samba
Yvonne Lara da Costa nasceu em 13 de abril de 1921na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. A Rainha do Samba é autora de sucessos como Sonho Meu, feita em parceria com Décio Carvalho. O disco Sambão 70 foi o primeiro gravado por ela, em 1970, quando ela tinha 49 anos. Depois deste vieram outros 18 álbuns de sucesso.

As músicas dela foram interpretadas por grandes nomes da música brasileira, como Maria Bethânia, Elba Ramalho, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila e Arlindo Cruz. A sambista também teve trabalhos como atriz, fazendo filmes, e foi a Tia Nastácia em especiais do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Dona Ivone Lara percorreu com seu samba por países na África, Europa na América Latina. Em 2012 foi homenageada pela escola de samba Império Serrano. O tema “Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba” contou a história de sucesso da compositora. Em 2015, entrou para a lista 10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio.
 
O maior parceiro foi Délcio Carvalho, com quem criou, entre muitos sambas, “Sonho meu”, ”Alguém me avisou”, “Acreditar”, ”Sorriso de criança”, ”Sorriso negro”, “Minha verdade” e “Em cada canto uma esperança”. Ele era 18 anos mais jovem e morreu em 2013. Em rodas de samba cariocas, composições como “Tiê” e “Mas quem disse que eu te esqueço”, está com Hermínio Bello de Carvalho, sempre são lembradas.

Primeira mulher a ganhar uma disputa de samba-enredo numa escola de samba no Rio, em 1965 – “Os cinco bailes da história do Rio” (com Silas de Oliveira e Bacalhau) -, ela era filha de músicos e ligados ao carnaval. Era prima de Mestre Fuleiro, um dos fundadores do Império Serrano, sua escola.

Ivone, formada enfermeira e auxiliar da pioneira psiquiatra Nise da Silveira, nasceu bem antes da agremiação – era de 1921; o Império, de 1947. Ela compôs sambas ainda para o Prazer de Serrinha, escola do qual o Império viria a ser uma dissidência. A Verde e Branco do bairro de Madureira, na zona norte do Rio, lhe fez um desfile-tributo em 2012.

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