Mocidade, Salgueiro e Beija-Flor são os destaques da segunda noite de desfiles na Sapucaí 

Mocidade, Salgueiro e Beija-Flor são os destaques da segunda noite de desfiles na Sapucaí 
O abre abre-alas da São Clemente representou o burro que deu origem á expressão, quando um vigário de Ouro Preto passou a perna em um companheiro de batina

Por Luis Leite e Danndara Kyzy

Fotos: Luis Leite

A São Clemente abriu o segundo dia de desfiles do Grupo Especial, com toda sua irreverência e crítica com o enredo “O conto do Vigário”, contando a história das malandragens e trambiques que ficaram famosos desde o período colonial.  

Sobre um elemento cenográfico, a comissão de frente narrou o duelo entre dois vigários que disputavam a imagem de uma santa amarrada no burrico pelas ruas de Ouro Preto.

A escola trouxe as vigarices tecnológicas como os golpes pelas redes sociais e as fake news (notícias falsas em inglês). O ator e comediante Marcelo Adnet, um dos compositores do samba, desfilou no quinto carro representando o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Durante a performance, Adnet jogou laranjas artificiais para o público, fez flexões de braço e simulou uma arma com as mãos. Na alegoria onde ele estava havia cartazes com frases como “tá ok?”, a culpa é do Leonardo di Caprio” e “acabou a mamata”.

O quarto carro vende-se um pedacinho do céu, representa o lobo em pele de cordeiro que oculta suas intenções financeiras por detrás da capa de homem santo no intuito de enganar o povo.

A ala de baianas representou mães de santo modernas que prometem trazer o amor perdido de volta em três dias.

Garrafadas milagrosas, a mágica de cura.

Tem marajá puxando férias em Bangu

Referência às regalias no cárcere de políticos que vivem como estivessem de férias.

A bateria comandada por mestre Caliquinho desfilou vestida de laranjal, fazendo alusão às falcatruas cometidas pelos políticos brasileiros.  Com fantasias divertidas, um dos destaques foi a última ala “A grávida de Taubaté”, que faz menção à mulher que mentiu sobre gestar quadrigêmeos em um programa de TV, com uma falsa barriga gigante.

No quesito evolução, a Amarelo e Preto de Botafogo passou bem, veio leve e solta brincando na avenida sem cometer nenhum percalço.

Vila Isabel: abre-alas representa o arrebatamento de Brasil em sua viagem onírica

A Unidos de Vila Isabel, a segunda a passar pela avenida, homenageou os 60 anos de Brasília, com uma lenda indígena no tema “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”, no qual a capital federal nasceu para levar as esperanças aos povos das terras, onde vive o pequeno curumim. Com carros alegóricos imponentes e fantasias volumosas ricas em detalhes, a escola transmitiu um enredo claro de extremo bom gosto. O grande destaque foi a bateria, comandada pelo mestre Macaco Branco, que fez várias paradinhas ao longo da avenida.

A comissão de frente coreografaram os indígenas se transformando em tigres guerreiros.

Ala das baianas, caldeirão de brasilidade

Fantasiada de colombina, Aline Riscado marcou sua estreia como rainha de bateria, substituindo Sabrina Sato que deixou o posto depois de nove anos e desfilou à frente da escola como rainha da Azul e Branco, acompanhada pelo presidente de honra Martinho da Vila.

Martinho da Vila e Sabrina Sato

Último carro, Brasília joia rara prometida.

Salgueiro transforma a Sapucaí em um tremendo picadeiro a céu aberto

O Acadêmicos do Salgueiro pedi passagem e arma o seu circo na avenida. Com o enredo “O Rei Negro do Picadeiro”, a Vermelho e Branco narrou a história de Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, morto em 1954. A comissão de frente encantou o público com técnicas de ilusionismo.

A atriz Erika Januza veio fantasiada de Arlequina.

Apesar do samba não empolgar as arquibancadas, faltou alegria de alguns componentes. A escola pode perder alguns décimos em evolução, devido a alguns buracos formados entre as alas.  Além de muita criatividade, na plástica as fantasias e alegorias estavam impecáveis com cores vibrantes de fácil leitura.  O destaque porém ficou para o último carro que trouxe a escultura de Benjamim, onde a máscara branca deu lugar ao rosto negro.

A soberana rainha de bateria Viviane Araújo, desfilou fantasiada de cigana esbanjando sua boa forma com muito samba no pé.

Carro abre-alas da Unidos da Tijuca retrata a construção do Cristo Redentor

De volta a Unidos da Tijuca, o carnavalesco Paulo Barros que prometia muitas surpresas, levou para a Sapucaí o enredo “Onde Moram os sonhos”, que retrata a história da arquitetura e urbanismo do Rio, desde as primeiras construções no Egito até as megacidades atuais.  A agremiação também falou da poluição que destrói o meio ambiente, colocando em perigo o presente e o futuro da humanidade.

Celebrando o arquiteto Leonardo da Vinci: a comissão de frente veio com dançarinos de macacão, com luzes de led que deveriam acender de forma sincronizada, o que não aconteceu. O fato ocorreu em frente ao módulo de julgadores. Quanto à parte estética, a escola ficou devendo, com alguns pontos negativos em fantasias e alegorias, que se mostraram mais simples do que o esperado.

A ala das baianas representou a Catedral de Brasília, primeiro monumento projetada por Oscar Niemeyer.

Destaque para a ala de passistas que representou o cotidiano de quem procura sobreviver numa cidade desigual.

Estreando como rainha de bateria na escola, a cantora Lexa desequilibrou e caiu no meio da avenida. No entanto, a funkeira não perdeu o rebolado, rapidamente se levantou e continuou a sambar. A pista estava molhada devido à chuva que caiu mais cedo.

Mocidade: Elza Deusa Soares, essa nega tem poder

A penúltima escola a se apresentar na Marquês de Sapucaí, a Mocidade Independente de Padre Miguel fez um tributo a cantora Elza Soares, contando sua história de vida e artística desde o momento em que explodiu para fama: no show de calouros do apresentador e compositor Ary Barroso.

A comissão de frente mostrou a infância pobre de Elza, nos tempos em que ela carregava latas de água na cabeça.

Minha fé! Sincretismo religioso da cantora.

Ala das baianas, Elza canta Mãe Menininha do Gantois.

Quarto carro: o circo da vida mas é dura na queda, trouxe uma pantera negra, símbolo da resistência contra a opressão.

Elza desfilou no último carro, intensamente ovacionada pela plateia.

A Verde e Branco de Vila Vintém fez um desfile empolgante, tendo como ponto alto o canto forte da comunidade.  Apesar do bom samba e a beleza no desenvolvimento do enredo, a escola apresentou algumas irregularidades em alegorias e adereços, onde era perceptível falhas de acabamento.

Beija-Flor: terceira alegoria representa no Rio do tempo de Debret – as ruas pé de moleque

Fechando o desfile de segunda-feira do Grupo Especial, a Beija-Flor de Nilópolis veio para tentar se reerguer depois de um amargo 11° lugar no ano passado. Com o enredo “Se Essa Rua Fosse Minha”, a escola narrou a história da evolução do homem no que se refere às suas histórias mais antigas de criar e seguir caminhos e ruas.  

Segura o povo, que o povo é o dono da rua

A comissão de frente interpretou o encontro de grupos de gangues rivais em um ferro velho disputando o domínio sobre as ruas.  Nesse embate, chegam as Pombagiras, que trazem para esta dimensão a mensagem de Exu, o verdadeiro dono do lugar.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, formando por Selminha Sorriso e Claudinho, que comemora este ano bodas de prata, caracterizados de Sol demonstrou muita elegância no sincronismo.

Que tiro foi esse?

A cantora Jojo Todynho precisou ter peito para encarar a Marquês de Sapucaí durante o desfile

Representando Xica da Silva, a cantora de funk Jojo Todynho desfilou com os seios de fora na Sapucaí.

Após da à luz a sua primeira filha, Raíssa de Oliveira mostrou estar em plena forma física. A beldade esbanjou carisma e muito samba no pé

A fé me guia!

O quarto carro trouxe um altar em consagração à Virgem Maria do estilo barroco com 20 metros de altura.

Com um desfile grandioso e impactante, a escola levantou as arquibancadas desde o primeiro momento, porém acabou tendo problemas com a colocação dos destaques no último carro alegórico o que fez com que acelerasse o andamento, comprometendo a evolução e por poucos segundos não ultrapassou o tempo de desfile.

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