Pré-folia: Mocidade e Mangueira lotam Sapucaí em noite de ensaios técnicos

Por Luis Leite
Em uma noite de Sapucaí lotada, a Mocidade Independente de Padre Miguel e a Estação Primeira de Mangueira representaram a força da região Nordeste de Pernambuco e da Bahia com seus enredos. Os treinos marcaram o terceiro fim de semana de ensaios técnicos no Sambódromo.
Segue o carro de boi
A primeira escola a passar pela avenida foi a Mocidade que este ano traz o enredo “Terra do meu céu, estrelas do meu chão”, do carnavalesco estreante no cargo Marcus Ferreira. A temática aborda o legado dos artistas do Alto do Moura, discípulos de Mestre Vitalino, pertencentes ao maior Centro de Artes Figurativas das Américas.

A comissão de frente trouxe 15 bailarinos entre homens e mulheres simbolizando os retirantes nordestinos. Na performance um dos integrantes é erguido para o alto, arrancando fartos aplausos da plateia.

Protegido por uma barreira de guardiões, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos, atraiu a atenção do público com uma dança firme, entrosada e muita experiência no bailado.



Cantando o samba de forma clara e objetiva, grande parte das alas usava chapéus de cangaceiro, sombrinhas de frevo e roupas típicas do Nordeste brasileiro.

A bateria Não Existe Mais Quente, comandada por mestre Dudu foi um show à parte, com suas bossas muito bem ensaiadas e a tradicional cadência. Segundo Dudu ainda há surpresas a serem apresentadas no dia do desfile oficial, ele aposta na mistura do samba com baião e forró para ganhar a nota máxima dos jurados.

A rainha de bateria, Giovana Angélica, com toda simpatia e beleza roubou a cena ao sambar vestida de cangaceira. Ela que no ano passado raspou a cabeça junto com os ritmistas da escola.

Mangueira leva afrobaianidade para a Sapucaí
Em seguida, foi a vez da Estação Primeira de Mangueira levantar o público das arquibancadas dos setores 1 e 3 sob o ritmo do axé music. Além do canto forte e da dança, os componentes estavam com a letra do samba afinadíssima na ponta da língua. O enredo da Verde Rosa vai falar sobre “As Áfricas que a Bahia canta“, desenvolvido pelos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon. A escola vai apresentar a musicalidade baiana por meio dos cortejos afros da Bahia, com foco no protagonismo feminino nesse cancioneiro. Abrindo passagem, uma pequena alegoria trouxe o surdo um símbolo da agremiação com os dizeres ”Oyá por nós”.

Coreografada por Claudia Motta, a comissão de frente, composta por mulheres pretas de vestes douradas, representavam a conexão entre Oyá com Oxum. Quanto a coreografia oficial, optou pelo mistério.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Olivério e Cyntia Santos, que fez sua estreia conduzindo o pavilhão em alto giro de velocidade, mostrou uma sintonia perfeita no ensaio, exibindo a elegância da dança e o entrosamento das coreografias.



Com o número expressivo de contingente, muitas alas vieram coreografadas e com passos marcados personificando a cultura e o axé de Salvador. Para marcar os setores, havia um tripé com sinalizador de fumaça das cores da escola, criando um efeito luminoso que se espalhou pela extensão do sambódromo.

Na levada dos tambores, os ritmistas estavam descalços, de bermuda e sem camisa com pinturas brancas espalhadas pelo corpo e no rosto caracterizados como músicos de olodum, um dos ícones do enredo. Outro ponto positivo foi o ótimo entrosamento entre os intérpretes Art’Samba e Dowglas Diniz. Ambos conduziram a obra com muita intensidade.

Estiveram presente no desfile a campeã do “BBB 20”, Thelminha Assis e a funkeira Mulher Melão, com o corpo completamente pintado.
Toda preta é rainha

À frente da bateria, a rainha Evelyn Bastos causou impacto. Com um figurino vermelho e chifres de búfalo na cabeça, a beldade referenciou o orixá Oyá Tope, divindade guerreira cultuada pelas religiões de matriz africana. Ela fez uma homenagem a sua avó Celina, que era mãe de santo e desfilou por muitos anos na ala de baianas.

Após a passagem do carro de som, Mangueira promoveu um tremendo arrastão. Os foliões invadiram a pista acompanhado os integrantes até a dispersão.

No sábado ensaiaram quatro escolas da Série Ouro no Sambódromo
A primeira a fazer seu treino foi a União de Jacarepaguá, que esse ano aposta numa homenagem à dois líderes negro “Manoel Congo, Mariana Crioula – Heróis da liberdade no Vale do Café”.
A segunda a entrar na avenida foi, a Acadêmicos de Vigário Geral que transformou a Sapucaí em um grande circo com a fantástica fábrica de alegria. O tema abordará a vida de um menino criado na comunidade da escola, que sonha em realizar todas as suas fantasias.
Em seguida, a Unidos de Padre Miguel mostrou a força do nordeste através do enredo “Baião de Mouros”, que está sendo desenvolvido pelos carnavalescos Edson Pereira e Wagner Gonçalves.
Encerrando a noite de ensaios, a Porto da Pedra, forte candidata ao título, teve como destaques harmonia, bateria e evolução. O Tigre de São Gonçalo, vai mostrar um pouco da Amazônia através do imaginário de Júlio Verne.