Mesmo debaixo de chuva São Clemente, Mangueira e Portela levantam o público na Sapucaí

Por Luis Leite e Ingrid Marins
Fotos: Daniel Pinheiro,Léo Queiroz e Wellington Jorge/Divulgação
O segundo fim de semana de ensaios técnicos,foi marcado pela a forte chuva que caiu no Sambódromo do Rio. Antes de começar os treinos das escolas de samba, o governador Wilson Witzel, ao ser mencionado pelo presidente da São Clemente, Renato Almeida, foi vaiado pelo público na Sapucaí.
A São Clemente lava a alma na avenida
A primeira escola da noite de domingo a se apresentar debaixo de um temporal foi a São Clemente. Ela traz uma reedição de um dos seus desfiles memoráveis do Carnaval 1990, com o enredo “E o samba Sambou”, uma crítica sobre o próprio samba que fala dos antigos carnavais.
A escola da Zona Sul fez um ensaio bem humorado, apesar das dificuldades que enfrentou durante o seu percurso devido à pista alagada, não houve desânimo dos componentes da agremiação que cantaram o samba do começo ao fim, e a escola conseguiu evoluir muito bem.

Já a comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Júnior Scapin com os passos bem ensaiados, foi bastante aplaudida pela plateia em suas apresentações.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pires e Giovana Justo, mesmo debaixo de muita chuva, enfrentou grandes desafios. Eles fizeram movimentos leves e conseguiram evoluir sem grandes percalços, ou seja, a chuva não impediu o casal de brilhar.

Destaque para a bateria Fiel, do mestre Caliquinho, que deu um show à parte com seus ritmistas.
A São Clemente será a primeira escola a desfilar, na segunda-feira de carnaval.
Mangueira com muito samba no pé até debaixo d’água
A segunda da noite a fazer seu treino foi a Estação Primeira de Mangueira que levantou o público nas arquibancadas. Componentes ensaiaram com água acima dos tornozelos e vibraram cantando o samba com forte emoção.
A Verde e Rosa tem como enredo a “História pra ninar gente grande”, desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira. O tema fala sobre os heróis populares e vai relembrar a história de negros, índios e pobres que tiveram atos importantes. A letra do samba cita o nome da ex-vereadora Marielle Franco.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus e Squel, fez uma apresentação muito segura, mesmo com a pista encharcada por conta da chuva. Eles conseguiram desenvolver bem os movimentos e teve uma evolução muito boa.
A rainha de bateria, Evelyn Bastos, com todo seu carisma e samba no pé, veio à frente de seus ritmistas representando a escrava Anastácia. Ela reinou absoluta diante da bateria Tem que respeitar meu tamborim.


Os destaques no ensaio da escola foram: a comissão de frente, coreografada pelo casal Priscila e Rodrigo Negri. A interação do público com a escola, que foi bastante aplaudida, e as bandeiras que foram erguidas na avenida uma delas com a imagem da Marielle,em ato de protesto com o seguintes dizeres: “Nossa arma é a educação”.

A Mangueira será a sexta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval e ela vem para brigar pela conquista do título.
A Portela veio com o seu mar azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira
A terceira e última escola a fazer o treino na Sapucaí foi a Portela, a Majestade do Samba. A agremiação, que é a maior campeã de títulos do carnaval carioca, realizou o ensaio pegando resquícios da forte chuva que atingiu a cidade, porém nada disso estragou a empolgação dos componentes. Pelo contrário: a chuva só fez com que o canto fosse cada vez mais alto e levantando o público presente no Sambódromo.
A escola fez um ensaio arrebatador e emocionante, entrando na avenida sob o delírio de sua torcida organizada: a Guerreiros da Águia, colorindo de azul e branco as arquibancadas.
A Portela vem com o enredo “Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir o canto de uma Sabiá”, desenvolvido pela carnavalesca Rosa Magalhães. O tema é uma homenagem a Clara Nunes, que é um dos maiores ícones da escola.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon e Lucinha Nobre, fez uma primorosa apresentação. Eles mostraram movimentos bem sincronizados e a pista molhada não foi um obstáculo.

A comissão de frente, coreografada por Carlinhos de Jesus, fez uma apresentação não muito reveladora, porém interagiu bem com o público. A comissão vem com a representatividade religiosa de Clara Nunes. Pelo visto, Carlinhos está guardando o melhor para o desfile.

A rainha de bateria da azul e branco de Madureira, Bianca Monteiro, reinou com toda a sua beleza, charme, sensualidade e esbanjando simpatia à frente da “Tabajara do Samba”.

A musa Alice Alves enfeitou ainda mais a avenida, com um figurino inspirado em Iemanjá, a beldade caiu no samba e mostrou muito gingado. O look cheio de concas e muito brilho, valorizou sua silhueta curvilínea, destacando ainda mais sua boa forma.



O destaque do ensaio da Portela foi a Ala das Baianas, representando “nossa estrelas no céu estão em festas, lá vem Portela com as bênçãos de Oxalá”. O segmento é coordenado por Jane Carla, que é integrante da Velha Guarda Show da escola.


Outro destaque, porém, foi um cartaz exposto logo atrás do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, com os dizeres: “Não existe claridade onde reina a intolerância religiosa”. Foi um ato de repudio à discriminação religiosa que vem crescendo ultimamente no país.