Mangueira define samba para o Carnaval 2025

Mangueira define samba para o Carnaval 2025

Por Luis Leite

Encerrando a maratona das finais de samba-enredo do Grupo Especial, a Estação Primeira de Mangueira definiu, na madrugada deste domingo (20), seu hino oficial para o Carnaval 2025.

Nem mesmo as condições climáticas de sábado impediu a chegada dos foliões e torcedores ao Palácio do Samba, que ficou lotado durante o evento.

Entre as três composições classificadas para a disputa, venceu a parceria de Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Julio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim.

“Quero agradecer a todos que estiveram presentes em nossa quadra, os compositores participantes do concurso e dizer que a gente vai sempre buscar o melhor para o nosso desfile”, afirmou a presidente Guanayra Firmino, que será candidata a reeleição.

A apresentação da obra de Lequinho arrebatou o público após o anúncio feito por volta das 5h, tornando-se o compositor vencedor pela 13ª vez na escola.

A noite contou ainda com o grande show inédito “Nas Giras da Mangueira”, representando a centralidade das rodas na cultura bantu e preta, além da participação de diversos segmentos sob a direção de Fábio Batista.

Mangueira celebrará a negritude carioca

Um dos destaques da festa foi a rainha de bateria Evelyn Bastos, com atuação na Ala de Passistas.

A “Surdo Um”, comandado pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto, também fez bonito com atração à parte.

No ano que vem, a Verde e Rosa apresentará na Marquês de Sapucaí o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, que é uma narrativa baseada na historicidade preta de forte cunho social, conectando passado e presente pelas vivências cotidianas, retratando a maioria dos negros que foram escravizados e trazidos ao Cais do Valongo, na Pequena África. O tópico será desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França. A agremiação será a última a desfilar no domingo de Carnaval, dia 2 de março.

Confira abaixo a letra do samba vencedor:


A Dor Que Se Rebela, Morte E Vida No Oceano
Resistência Quilombola Dos Pretos Novos De Angola
De Cabinda, Suburbano
Tronco Forte Em Ribanceira, Flor Da Terra De Mangueira
Revel Do Santo Cristo Que Condena
Mistério Das Kalungas Ancestrais
Que O Tempo Revelou No Cais
E Fez Do Rio Minha África Pequena
Ê Malungo, Que Bate Tambor De Congo
Faz Macumba, Dança Jongo, Ginga Na Capoeira
Ê Malungo, O Samba Estancou Teu Sangue
De Verde E Rosa Renasce A Nação De Zambi

Bate Folha Pra Benzer Pembelê, Kaiango
Guia Meu Camutuê, Mãe Preta Me Ensinou
Bate Folha Pra Benzer, Pembelê, Kaiango
Sob A Cruz Do Seu Altar Inquice Incorporou

Forjado No Arrepio Da Lei Que Me Fez Vadio
Liberto Na Senzala Social
Malandro, Arengueiro, Marginal
Na Gira, No Jogo De Ronda E Lundu
Onde A Escola De Vida É Zungu, Fui Risco Iminente
O Alvo Que A Bala Insiste Em Achar
Lamento Informar… Um Sobrevivente
Meu Som Por Você Maculado
Sem Ser Convidado Pela Burguesia
Tomou A Cidade De Assalto
E Hoje No Asfalto A Moda É Ser Cria
Quer Imitar Meu Riscado, Descolorir O Cabelo
Bater Cabeça No Meu Terreiro

É De Arerê, Vento De Matamba
É Dela O Trono Onde Reina O Samba

Sou A Voz Do Gueto, Dona Das Multidões
Matriarca Das Paixões, Mangueira
O Povo Banto Que Floresce Nas Vielas
Orgulho De Ser Favela

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