Em clima de nordeste, Imperatriz Leopoldinense define samba-enredo para 2023

Em clima de nordeste, Imperatriz Leopoldinense define samba-enredo para 2023
O enredo da escola de Ramos é inspirado nos cordéis que contam as histórias de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião - Fotos: Liesa/Divulgação

Por Luis Leite

Quando a sanfona chora, mandacaru aflora!

Em ritmo de xote, baião e xaxado, a Imperatriz Leopoldinense definiu o samba-enredo para o próximo carnaval com uma grande festa em sua quadra, na madrugada desta terça-feira (18).

A canção escolhida foi da parceria de Me Leva, Gabriel Coelho, Miguel da Imperatriz, Luiz Brinquinho, Antonio Crescente e Renne Barbosa. O resultado oficial foi anunciado por volta das 4h, pelo diretor-executivo, João Felipe Drumond. A comunidade da Leopoldina festejou a vitória.

Antes da apresentação dos três sambas concorrentes, o intérprete Preto Joia, foi homenageado com a faixa de “joia da coroa” por tudo que fez pela agremiação durante anos.

Em 2023, a Rainha de Ramos será a quarta escola a desfilar na segunda-feira de folia, no dia 20 de fevereiro, com o enredo “O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida”, do carnavalesco Leandro Vieira.

O tema se inspira em cordéis populares, como “A chegada de Lampião no inferno”, “O grande debate que teve Lampião com São Pedro” e “A chegada de Lampião no céu”, que se debruça nas hipóteses da Literatura de Cordel sobre o que teria acontecido com a alma do cangaceiro após sua morte, em 28 de julho de 1938.

A noite também contou com o time de musas da Imperatriz

Compositores da parceria vitoriosa

Confira a letra e o áudio do samba campeão:

Imperatriz veio contar para ocês
Uma história de assombrar
Tira sono mais de mês

Disse um cabra que nas bandas do Nordeste
Pilão deitado se achegava com o bando
Vinha no rifle de Corisco e Cansanção
Junto de Cirilo Antão, Virgulino no comando
Deus nos acuda, todo povo aperreado
A notícia corre céu e chão rachado
Rebuliço no olhar de um mamulengo
Era dia 28 e lagrimava o sereno

E foi-se então, adeus capitão!
No estouro do pipoco
Rola o quengo do caboclo
A sete palmos desse chão

Nos confins do submundo onde não existe inverno
Bandoleiro sem estrada pediu abrigo eterno
Atiçou o cão catraz, fez furdunço
E Satanás expulsou ele do inferno
O jagunço implorou um lugar no céu
Toda santaria lhe deu foi bedel
Cabra macho excomungado de tocaia num balão
Nem rogando a Padim Ciço ele teve salvação

Pelos cantos do sertão, vagueia, vagueia
Tal qual barro feito a mão misturado na areia

Quando a sanfona chora, mandacaru aflora
Bate zabumba tocando no meu coração
Leopoldinense, cangaceira é minha escola
Eis o destino do valente lampião

https://www.youtube.com/watch?v=Il0oANuidUE


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