De corpo fechado, Salgueiro escolhe samba-enredo para 2025
Por Luis Leite
Com a quadra lotada até o sol raiar, o Acadêmicos do Salgueiro escolheu no início da manhã deste sábado, 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida, a trilha sonora que irá embalar o seu desfile em 2025.
Após uma disputa equilibrada entre as três obras concorrentes, venceu a composição assinada por Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jeferson Oliveira, Jassa e W.Correa. O resultado oficial saiu por volta das 5h50, seguindo a comemoração pela Rua Silva Teles.
A parceria campeã recebeu o troféu em formato de figa de madeira e mais um prêmio no valor de R$ 100 mil. Os demais finalistas, R$ 50 mil cada.
A noite foi marcada pela emoção e a espiritualidade durante a apresentação do Elenco Show da Academia em menção ao enredo, envolvendo os principais segmentos da escola e os demais sambas antológicos, com direito a um momento especial dedicado a Quinho que faleceu no início deste ano.
Cerca de 40 profissionais participaram do grande espetáculo comandado pelo diretor artístico Carlinhos Salgueiro junto com o coreógrafo da comissão de frente, Paulo Pinna.
Quem também atraiu a atenção do público foi a rainha de bateria Viviane Araújo. A atriz mostrou samba no pé, muito rebolado e ainda fez passagem tocando tamborim junto com os ritmistas.
No próximo ano, a Vermelho e Branca da Tijuca, vai levar para a avenida o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, assinado por Igor Ricardo e desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira.
O tema explorará as raízes afro-brasileiras, destacando rituais de proteção espiritual e prestando uma homenagem à umbanda carioca, especialmente à figura de Seu Zé Pilintra e dos Pretos Velhos. A agremiação será a terceira a desfilar na segunda-feira de Carnaval, dia 3 de março.
Segue abaixo a letra do samba campeão:
Prepara o alguidar acende a vela
Firma ponto ao sentinela, pede a bênção pra vovô
Faz a cruz e risca a pemba
Que chegou exu pimenta e a falange de xangô
Tem erva pra defumar, carrego o meu patuá
Adorei as almas que conduzem meu caminho
Ê mojubá Marabô invoque a Lua
Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho
Sou herança dos malês, bom mandingo e arisco
Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia
No tacho arruda e alecrim ôôô!
Bala de chumbo contra toda covardia
Tenho a fé que habita o sertão de Lampião, o cangaceiro
Feito moreno eu vou viver
Mais de cem anos no meu Salgueiro
Sou espinho qual fulô de macambira
Olho gordo não me alcança
Ante o mal a pajelança pra curar
Sempre há uma reza pra salvar
O nó desata, liberdade pela mata
E os mistérios do axé, meu candomblé
Derruba o inimigo um por um
Eu levo fé no poder do meu contra egum
Salve seu zé, que alumia nosso morro
Estende o chapéu a quem pede socorro
Vermelho e branco no linho trajado
Sou eu, malandragem de corpo fechado
Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá
Quem tem medo de quiumba, não nasceu pra demandar
Meu terreiro é a casa da mandinga
Quem se mete com o Salgueiro acerta as contas na curimba