Homenagem a Severo Luzardo

Homenagem a Severo Luzardo

OBatuque.com, em homenagem a Severo Luzardo Filho, que faleceu ontem (12) aos 59 anos, vítima de câncer no pulmão, reproduz a entrevista concedida ao jornalista Daniel Duarte, em dezembro de 2003, quando o carnavalesco vivia a expectativa de estrear no carnaval carioca no ano seguinte pelo Boi da Ilha. Atualmente, o artista estava à frente do carnaval da União da Ilha do Governador. Confira a entrevista na íntegra.


1º de dezembro de 2003

Carnaval-social de Severo Luzardo é esperança do Boi em voltar para o Acesso A

Por Daniel Duarte

Ganhador de vários carnavais e muito premiado no Sul do país, Severo Luzardo Filho assina seu primeiro carnaval no Rio de Janeiro e leva para a Avenida um tema nitidamente social. Conheça um pouco mais da história e do enredo do carnavalesco que pretende levar o Boi da Ilha de volta ao Grupo de Acesso A.

OBatuque.com – Nome e idade?
Severo Luzardo – Severo Luzardo Filho, 40 anos.

OBatuque.com – Qual a sua formação profissional?
Severo Luzardo – Sou arquiteto, publicitário e um importante consultor de moda para mais de 100 empresas do ramo. Minha consultoria gira em torno das tendências conforme as estações do ano, trabalho esse que me deu a oportunidade de viajar para os países do eixo Europa-América.

OBatuque.com – Como ocorreu sua entrada no mundo do samba?
Severo Luzardo – Eu comecei a gostar de carnaval quando tinha cinco anos. Um dia vi um ensaio de uma escola de samba em Uruguaiana e pedi a meus pais que me incluíssem na escola para desfilar. Era a escola Os Rouxinóis e era a mais premiada em títulos da região, com 27 campeonatos. Passados alguns anos, meu pai veio a ser presidente da escola e quando tinha 14 anos assinei o meu primeiro carnaval para Os Rouxinóis como carnavalesco. A partir daí, não parei mais e foi uma sequência de carnavais onde consegui ser premiado com 13 Estandartes de Ouro como melhor carnavalesco.

OBatuque.com – Como foi sua chegada ao Rio de Janeiro? E por qual escola realizou seu primeiro desfile?
Severo Luzardo – Cheguei ao Rio na década de 80 e a primeira escola que desfilei foi o Império Serrano, como componente de ala. Depois fui me encantando e desfilei por muitas outras escolas como destaque e composição dos carros alegóricos. Passados alguns anos, fui chamado novamente ao Sul para trabalhar como carnavalesco em cidades como Porto Alegre, Uruguaiana, Alegrete e Corrientes, na Argentina. Essas cidades possuem carnavais belíssimos, muito luxuosos, e tive a oportunidades de vencer vários carnavais por lá.

OBatuque.com – O Boi da Ilha é sua primeira escola no Rio?
Severo Luzardo – Como carnavalesco oficial, é sim.

Baluartes do Boi: Lourival (dir. de Carnaval), Luzia (1ª Dama da Velha Guarda), Roberto (presidente da Velha Guarda), Tia Bené (presidente da Ala das Baianas) e Luiz Carlos (dir. geral de Harmonia)

OBatuque.com – Com enredo “UNI, DUNI, TÊ, brincando construí um mundo novo pra você” do Boi da Ilha em 2004, o que você pretende mostrar ao público?
Severo Luzardo – Em cima desse tema a gente quer mostrar que é possível, através do brinquedo, fazer da criança um cidadão. Entendendo que o brinquedo pode ter um grande caráter transformador no desenvolvimento da pessoa. Quando nós começamos com a pesquisa tivemos grandes trocas de informações pela internet. Várias ONGs brasileiras, importantíssimas na formação da criança, se manifestaram e vieram fazer o enredo conosco. Então, na finalização da nossa sinopse, nos formulamos um grande encontro de educadores da área, que já fizeram trabalhos e pesquisas em todas as partes do Brasil. Fizemos uma grande reunião e estas pessoas definiram os pontos principais que ficariam na sinopse. Então, nós temos um enredo superembasado, contando que a criança, através do brinquedo, pode ultrapassar barreiras. Que pode ser uma criança com necessidades especiais, mas com possibilidade de superar barreiras e ter resgatado seu valor de cidadão. É um enredo divertido, leve e com o viés da inclusão social. Nós tivemos também o comprometimento de consulados de alguns países como a Áustria, onde surgiu o registro dos primeiros brinquedos educativos, China e Japão, que estarão cedendo subsídios, informações e materiais para pintura das nossas alegorias.

OBatuque.com – Como está o astral da escola para superar o trauma do descenso para o Grupo de Acesso B?
Severo Luzardo – A minha chegada no Boi foi um momento muito delicado. Você pega as pessoas com a moral muito baixa; é uma queda, é um choque, mas eu tive 100% de credibilidade da diretoria e ao longo do ano a gente foi conquistando a credibilidade dos componentes. Então, hoje, se você perguntar para qualquer boiadeiro, existe dentro de todos um espírito muito grande da seriedade do trabalho que está sendo colocado e a certeza da volta ao Grupo de Acesso A.

Os intérpretes Do Um, Nando e Cadinho da Ilha

OBatuque.com – E como será a construção do Carnaval 2004?
Severo Luzardo – Vamos fazer um carnaval baseado na criatividade e na originalidade. Não pretendemos contrair dívidas aos poucos vamos atraindo diversas empresas da indústria Têxtil e de brinquedos para poder atingir a nossa meta. Teremos quatro carros alegóricos, que serão iluminados, estaremos com 18 alas e os pontos altos da nossa escola serão a comissão de frente, as baianas e a nossa bateria. Podem aguardar.

Pablo e Roberta, mestre-sala e porta-bandeira do Boi

OBatuque.com – OBatuque.com agradece a atenção dispensada e deseja sucesso nesse desafio que se inicia.
Severo Luzardo – Obrigado a vocês pela visita ao Boi e no dia 7 de dezembro vamos ter em nossa quadra a festa da ala “Zuzu de Bom”. Será um grande evento e toda a comunidade boiadeira estará presente. Vale a pena conferir.

Gostou na matéria? Dê o seu comentário.