Beija-Flor já tem samba para desfile de 2025

Beija-Flor já tem samba para desfile de 2025
Escola vai homenagear o sambista Laíla, ícone do carnaval carioca, que morreu em 2021

Por Luis Leite

Na madrugada desta sexta-feira (18), foi de festa e decisão na quadra da Beija-Flor de Nilópolis, onde definiu o samba-enredo que levará para a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2025, em celebração à vida e o legado de Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o eterno Laíla.

Em uma disputa eletrizante entre as três obras que chegaram a etapa final do concurso, venceu a parceria de Rômulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena. Com refrão avassalador, o hino foi bem aceito pela nação nilopolitana.

“A felicidade é grande demais, ganhar pela segunda vez na escola soberana. Agradeço a toda comunidade por ter abraçado o nosso samba e acreditado no trabalho da gente desde o começo”, afirmou Rômulo Massacesi, caracterizado de Laíla.

Antes de dar início ao show de apresentação dos principais segmentos, a Azul e Branca homenageou alguns dos seus baluartes como Neguinho da Beija-Flor, Pinah, Tia Debora da Velha Guarda, Mestre Plínio, Neide Tamborim, João Sorriso, Bolão e Sonia Capeta. A noite também foi marcada pela fé e a religiosidade de matriz africana em alusão ao agraciado.

No ano que vem, a Deusa da Passarela será a segunda escola a desfilar na segunda-feira de folia, dia 3 de março, com o enredo, “Laíla de Todos os Sambas, Laíla de Todos os Santos”, desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo.

O ex-carnavalesco e diretor de carnaval conquistou treze títulos pela agremiação: 1976, 1977, 1978, 1980, 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011, 2015 e 2018. Ele morreu aos 78 anos, em 18 de junho de 2021, vítima da Covid-19.

Confira a letra do samba campeão:


Kaô meu velho!
Volta e me dá os caminhos
Conduz outra vez meu destino
Traga os ventos de oyá
Agô meu mestre
Sua presença ainda está aqui
Mesmo sem ver, eu posso sentir
Faz Nilópolis cantar
Desce o morro de oyó
Benedito e catimbó
O alabá doum
Traz o terço pra benzer
E a cigana puerê
Meu exu
De copo no palco, a nota certeira
Regeu o sagrado toda quinta-feira

O brado no tambor, feitiço
Brigou pela cor, catiço
Coragem na fala sem temer a queda
O dedo na cara, quem for contra reza

Vencer o seu verbo
Gênio do ouvido perfeito
A trança nos versos
Divino e humano em seu jeito
Queria paz, mas era bom na guerra
Apitou em outras terras, viajou nas ilusões
Deu voz à favela e a tantas gerações
Eu vou seguir, sem esquecer nossa jornada
Emocionada, a baixada em redenção
Chama João pra matar a saudade
Vem comandar sua comunidade
Óh jakutá… O Cristo preto me fez quem eu sou
Receba toda gratidão obá, dessa nação nagô

Da casa de ogum, xangô me guia
Da casa de ogum, xangô me guia
Dobram atabaques no quilombo Beija-flor
Terreiro de Laíla meu griô

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