Beija-Flor convida estrelas do Carnaval para ‘aulões’ de samba dedicados à comunidade
Quase cem pessoas da comunidade da Beija-Flor, em Nilópolis, estiveram na quadra da escola na manhã de sábado, 19, para aprender a dominar ainda mais a arte do samba no pé por meio de “aulões” aplicado por estrelas do Carnaval. O contingente também assistiu a uma palestra ministrada pela porta-bandeira Selminha Sorriso, uma das responsáveis pelos projetos sociais da agremiação. Ela falou sobre a importância do antirracismo e apresentou aos componentes o comitê que a azul e branca criou para tratar desse assunto.
Junto à Selminha, os participantes também aprenderam com Mayara Lima, rainha de bateria da Paraíso do Tuiuti, e George Louzada, coordenador das alas de passistas da Mocidade e da Unidos de Padre Miguel.
Ao longo da manhã e da tarde, alunos de 8 a 50 anos de idade descobriram, a partir da dupla, novos passos, gingados e técnicas para sambar. Evoluíram em grupos separados: Mayara ficou responsável por ensinar a parcela feminina e Louzada se responsabilizou pela masculina. A presença dos dois garantiu o engajamento dos aprendizes, já que ambos são publicamente reconhecidos na folia como legítimos bambas.
Mayara, aliás, foi coroada rainha depois de um vídeo dela ter viralizado na internet evidenciando seu talento para sambar em sincronia com as bossas da agremiação que representa. Lorena Raíssa, nova rainha de bateria da Beija-Flor, segue passos semelhantes e também participou dos “aulões”.
Além de estarem conectados às propostas sociais da Beija-Flor, que incluem aulas de percussão e do bailado de mestre-sala e porta-bandeira, os workshops do último fim de semana também dialogam com os enredos da “Deusa da Passarela”. Selminha Sorriso, ao abordar a relevância que as práticas antirracistas ganharam na escola, destaca que a dinâmica educativa remete a tópicos que a agremiação levou para a Sapucaí em 2022 (“Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”) e a outros que apresentará em 2023 (com “Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência”).
— As aulas trabalham com os conceitos de comunidade e acolhimento, bem como valores e ações de cidadania (a ética, a hierarquia e a disciplina entre eles) — descreve Selminha, complementando: — O enredo sobre o antirracismo me motivou muito a compartilhar o que eu sabia sobre representatividade negra e tentar aprender ainda mais. Isso chegou ao projeto social e também nos levou a criar a comissão antirracista da escola. O mesmo acontece com o enredo deste ano, sobre os excluídos da Independência. As aulas na quadra são uma forma de trabalhar a inclusão, na contramão da realidade que observamos no país. Sou fruto do samba e das escolas e só agradeço por terem mudado minha vida.
A próxima edição dos “aulões” está marcada para dia 17 de dezembro, também na quadra. Na ocasião, vão lecionar Gabriel Castro e Mari Mola, da Unidos de Vila Isabel e da Tuiuti, respectivamente.