Tadeu do Agogô de quatro bocas 

Tadeu do Agogô de quatro bocas 

Por Luis Leite

Fotos: Marco Antônio Teixeira e Carlo Wrede

Tadeu Ferreira de Alencar, mais conhecido como Tadeu do Agogô, de 62 anos, é filho da Cidade Maravilhosa, sambista de coração. Nascido em Mesquita, cresceu no Irajá, porém atualmente é morador da Tijuca e trabalha há 40 anos com turismo, mais precisamente na hotelaria.

Em 1986, foi convidado pelo Antônio Telles, filho do Edgard do Agogô integrante da bateria do Império Serrano, a participar do aprendizado para tocar agogô de quatro bocas. Depois aprendeu a tocar caixa ainda pelo Império. Segundo ele, tudo isso em função da musicalidade e o dom desde a infância. “O Antônio me ensinou a tocar agogô de 4 Bocas e depois, eu também aprendi a tocar caixa no Império Serrano. Aprendi muito fácil, pois já tinha musicalidade adquirida ao tocar violão desde os 8 anos de idade”, explicou.

Apesar de ter iniciado no Império Serrano, Tadeu do Agogô diz não ter bandeira, ele torce para o samba. Ele já desfilou pelo Império Serrano, Tradição, Portela, Grande Rio, União da Ilha, Porto da Pedra, Tuiuti, Unidos da Ponte, Inocentes da Baixada, Arranco, Alegria da Zona Sul, União de Jacarepaguá, Renascer de Jacarepaguá, Jacarezinho, Unidos de Bangu, Lins Imperial, Arrastão de Cascadura e dezenas de blocos do Rio de Janeiro.

A vasta experiência como ritmista em diversas escolas e ao comando de vários mestres de bateria, o levou a fabricar seu próprio instrumento. Além disso, implementou notas definidas, padronização entre todas as unidades e qualidade. O apego pelo agogô, lhe rendeu o apelido, e segundo ele,  o agogô é o instrumento que o fez desfilar por diversas escolas. “Agogô de quatro bocas é meu instrumento preferido. Nunca desfilei tocando caixa. Meu instrumento de desfile sempre foi o agogô e sempre será”, comentou Tadeu.

Durante esses 32 anos de avenida, Tadeu do Agogô viveu momentos inesquecíveis e fez questão de listar passagens com o Odilon, Riquinho, Thiago Diogo e Ricardinho: “São 32 anos de avenida! Tive anos sensacionais e muito felizes com várias delas. Lembro-me de performances impecáveis na Grande Rio, com o Odilon, com o Riquinho e Thiago Diogo, na Ilha, e hoje com o Ricardinho, na Tuiuti. Já ganhei Estandarte de Ouro de Melhor Bateria pelo Império Serrano, em 1987, como o enredo ‘Quem não se comunica, se trumbica’, e Estandarte e Tamborim de Ouro pela Grande Rio, em 2005, cujo enredo era ‘Alimentar o Corpo e a Alma faz bem’”.

Fã do mestre Odilon, Tadeu admira o ritmista Vítor Lucena Telles Neto do Edgard do Agogô. E se depender dele, já pensando no futuro, outros virão por aí, pois aos sábados, na quadra da Paraíso do Tuiuti, ele dá aulas de agogô no projeto Tamborim Sensação (TS), administrado por mestre Ricardinho. Mesmo com o fomento à criação de novos ritmistas promovido pelas escolas, Tadeu aposta na valorização de todos os ritmistas: “As escolas têm escolinhas de formação de ritmistas. Eu dou aulas todos os sábados na escolinha Tamborim Sensação. Ensino desde como segurar o Agogô e a baqueta até tirar o melhor som do instrumento. Outro ponto que deve ser melhorado é a valorização dos ritmistas pelas escolas de samba. Acho que falta mais respeito e carinho com a bateria, que é o coração da escola”.

Hoje, Tadeu do Agogô se encontra como um ritmista de grande experiência no agogô de quatro bocas, e o que lhe dá mais prazer é ter evoluído a fabricação, design, sonoridade, durabilidade e qualidade do instrumento. Daqui para frente, segundo ele, é continuar na busca incessante pela perfeição do instrumento.

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