Mangueira,Vila Isabel e Mocidade se destacam na segunda noite de desfiles na Sapucaí 

Mangueira,Vila Isabel e Mocidade se destacam na segunda noite de desfiles na Sapucaí 

Por Luis Leite

Fotos: Luis Leite e Wellington Jorge

A primeira escola abrir o segundo dia de desfiles do Grupo Especial foi a São Clemente, com o enredo “E o samba sambou”, fazendo uma reedição do Carnaval 1990.  A agremiação de Botafogo empolgou as arquibancadas, dando um show de irreverência na Sapucaí.  O tema abordou a comercialização do carnaval que virou um grande negócio.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pires e Giovanna Justo, encantou o público incorporando dois ícones estrangeiros: Michael Jackson e Madonna.

Destaques para a Ala de Baianas, fazendo uma crítica com dizeres no figurino “Imperdível aluga-se baianas” e a Ala de Passistas.

Com alegorias simples, criativas e de fácil identificação, a escola passou sem problemas.  Os componentes evoluíram muito bem durante seu desfile.

Unidos de Vila Isabel

Segunda escola da noite a entrar na Marquês de Sapucaí, foi a Unidos de Vila Isabel, que contou a história da cidade serrana de Petrópolis.  A Azul e Branca do bairro de Noel, fez um desfile impactante e surpreendeu o público com alegorias e fantasias luxuosas. 

A comissão de frente apresentou truques de ilusionismo com fantasmas atormentando um turista, que era sepultado e reaparecia após flutuar.

O abre-alas chamou a atenção com três carros acoplados gigantescos, representando o ‘Corso Imperial’.  Já rainha de bateria, Sabrina Sato, brilhou à frente de seus ritmistas.  Com a fantasia em preto e prata a beldade  representou a Leopoldina, a primeira Maria Fumaça, que saiu de Petrópolis para o Rio de Janeiro.

Destaque para a bateria Swingueira de Noel. Os ritmistas estavam caracterizados de locomotiva. Eles lembraram a estrada de Ferro Mauá, com o chapéu soltando fumaça pela chaminé durante todo o desfile.

Ao girar da coroa
Baianas levaram na saia a coroa símbolo da escola, vestindo sua realeza com luxo e riqueza para celebrar a nobreza do Morro dos Macacos.   A Vila apresentou um carnaval riquíssimo, com fantasias volumosas, adereços, carros grandiosos, todos de bem criativa. No quesito Harmonia e Evolução, passou bem, todavia, no final do desfile, ela escola teve que correr e ainda assim acabou estourando o tempo em 1 minuto.

Portela

A seguir, a Portela emocionou o público na Sapucaí, celebrando Clara Nunes com o enredo “Na Madureira Moderníssima, hei sempre de ouvir cantar o sabiá”.  Agremiação fez referência às religiões de matriz africana e aos orixás Ogum e Iansã, de quem a artista era devota.

A comissão de frente, comandada por Carlinhos de Jesus, apresentou o ritual das guerreiras de Iansã, abrindo os caminhos da Azul e Branco de Madureira, reverenciando o orixá personificado pela cantora Mariene de Castro, que simbolizou o canto do sabiá.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Lucinha Nobre, representando “Seres de Luz”, fez grande apresentação, arrancando aplausos da plateia em todos os setores do Sambódromo.

Ponto positivo: canto forte de seus componentes que foram às lágrimas na avenida.  Em alguns quesitos, a escola não foi bem com o acabamento de fantasias e de alegorias.  Além disso, o abre-alas passou com problemas de locomoção. Esses foram os pontos negativos da escola.

União da Ilha do Governador

Santo voador

A União da Ilha, quarta escola a desfilar, levou o público ao delírio no Sambódromo, com Padim Ciço sobrevoando a avenida por meio de uma prancha sustentada por um drone gigante, “abençoando” os foliões presentes.

Imagem da comissão de frete da União da Ilha

Com o enredo “A peleja poética de Rachel e Alencar no avarandado do céu”, a Tricolor Insulana retratou a cultura e os costumes do Ceará, por intermédio da obra dos escritores Raquel Queiroz e José de Alencar.  A bateria também foi destaque sobre a maestria dos estreantes mestres Keko e Marcelo, que ousaram várias paradinhas em ritmo de forró.

A rainha de bateria, Gracyanne Barbosa,com todo o seu corpaço veio vestida de anjo sagrado do Sertão, esbanjando toda sua simpatia e beleza.

As alegorias e adereços feitas de forma artesanal, com material proveniente do Ceará, de uma forma geral, apresentaram plásticas irretocáveis de fácil leitura, com puro visual de bom gosto.

Paraíso do Tuiuti

Quinta a desfilar, com o enredo “O salvador da pátria”, a Paraíso do Tuiuti, vice-campeã do Carnaval 2018, contou a história do bode Ioiô, que se transformou em personagem da cultura sertaneja ao ser eleito vereador em Fortaleza, em 1922.  A escola mostrou a crítica política através das brincadeiras conquistando o público na Sapucaí.

Uma das alas trazia a luta entre “o bode da resistência e a coxinha ultraconservadora”, que empunhava uma arma,referência ao símbolo do presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral.  Já na última alegoria, havia o seguinte dizeres: “Ninguém solta a mão de ninguém”, exaltado a manifestação popular.  No mesmo carro, um bode dava um coice no tanque de guerra que fazia referência aos militares no poder.

A agremiação de São Cristóvão enfrentou problemas em evolução. O último carro alegórico teve muita dificuldade para entrar na avenida, algumas partes foram retiradas.  Com isso, causou um enorme buraco na pista.

Mangueira

Penúltima escola a se apresentar, a Estação Primeira de Mangueira trouxe o enredo “História pra ninar gente grande”.  O tema retratou a História do Brasil, esquecidos pelos livros. No entanto a agremiação deu destaques para os heróis da resistência como negros, índios e pobres também homenageou a ex-vereadora Marielle Franco, assassinada no ano passado.

A Verde e Rosa levantou o público nas arquibancadas com um desfile emocionante e tecnicamente perfeito.  Nos quesitos harmonia e evolução a escola não apresentou qualquer tipo de problema.  Ambos sem cometer falhas.

A comissão de frente trouxe um museu com personagens ilustres da história do Brasil em molduras.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Squel Jorgea e Matheus Olivério, vestido de índio, fizeram uma apresentação arrebatadora.  

O segundo carro alegórico representou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo.  A obra veio manchada de sangue, referência à violência com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil.

Destaque para a Ala de Musas, que celebrou a luta das mulheres negras, em defesa dos ideais de liberdade de seu povo.  A rainha de bateria, Evelyn Bastos, além de está com o samba na ponta da língua e no pé, a bela veio representando a escrava Esperança Garcia, considerada a primeira advogada do Piauí por denunciar maus tratos.  Ela escreveu uma carta que foi a primeira petição escrita por uma mulher no Estado.

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, de mãos dadas com a cantora Rosemary a frente da última ala da Mangueira

O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), amigo e padrinho político da parlamentar, participou do desfile

Mocidade

Já de manhã, fechando o último de dia de desfiles do Grupo Especial, a Mocidade Independente de Padre Miguel falou sobre a passagem do tempo em relação à humanidade e trouxe, Elza Soares como destaque no abre-alas.  A cantora representou o símbolo da agremiação.

A comissão de frente trouxe a máquina do tempo, para viajar no passado, e apresentou também um carro futurista, guiado pelo cientista maluco que se transformava em robô.  A Verde e Branco de Padre Miguel fez um desfile bem cadenciado, relembrando antigos carnavais, como os de 1979, 1985 e 1991.

Marcinho Siqueira e Cristine Caldas o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola,com muita elegância e sincronismo representou “A centelha divina”, simbolizando a explosão cósmica, a concepção do mundo, o milagre da vida.

Camila Silva, a rainha de bateria, foi um dos grandes destaques, com seu gingado mostrou todo seu samba no pé, até o dia amanhecer.  A beldade veio com uma linda fantasia dourada de “Bela tentação”.

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