Carnaval 2023: parceria de Lequinho vence disputa de samba-enredo na Mangueira

Carnaval 2023: parceria de Lequinho vence disputa de samba-enredo na Mangueira
Enredo “As Áfricas que a Bahia Canta” - Fotos: Thiago Mattos/Divulgação

Por Luis Leite

O samba foi morar onde o Rio é mais baiano. Após três anos sem uma final presencial, a Estação Primeira de Mangueira escolheu, na madrugada deste domingo (9), no Palácio do Samba, o seu hino oficial que levará para Marquês de Sapucaí no próximo ano.

Entre os três concorrentes, venceu a parceria de Lequinho, Junior Fionda, Gabriel Machado, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim.

“Estou muito feliz, pois tínhamos o sonho de unir as parcerias e de fazer um samba que agradasse nossos corações, e foi isso que conseguimos realizar, coroada com esta vitória”, destacou Lequinho, 11 vezes campeão pela escola.

Presente na gravação do samba da parceria, a cantora baiana Margareth Menezes compareceu à final. “É um momento muito especial para mim. Meu pai e minha mãe me ensinaram a amar a Mangueira desde criancinha, que é um reinado da nossa música brasileira, sempre exaltando a cultura da Bahia. Só tenho que agradecer à Mangueira”, disse Margareth.

Em seu primeiro ano como presidenta da agremiação, Guanayra Firmino exaltou a participação de 30 sambas que se inscreveram para a disputa, o que, segundo ela, ressalta a credibilidade no trabalho que vem sendo realizado por sua administração.

Em 2023, a Verde e Rosa será a sexta e última escola a desfilar no domingo de carnaval, com o enredo “As Áfricas que a Bahia Canta”, desenvolvido pelos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon.

O tema apresentará as construções das visões de África na Bahia, a partir de sua musicalidade e instituições carnavalescas negras, destacando o protagonismo feminino nesse processo e as lutas contra intolerância, racismo e pelo fortalecimento da identidade afro-brasileira.

A rainha de bateria Evelyn Bastos esbanjou samba no pé e carisma com o público.

Confira a letra e o áudio do samba:

Oyá, oyá, oyá eô!
Ê matamba, dona da minha nação
Filha do amanhecer, carregada no dendê
Sou eu a flecha da evolução
Sou eu mangueira, flecha da evolução
Levo a cor, meu ilú é o tambor
Que tremeu salvador, Bahia
Áfricas que recriei
Resistir é lei, arte é rebeldia
Coroada pelos cucumbis
Do quilombo às embaixadas
Com ganzás e xequerês fundei o meu país
Pelo som dos atabaques canta meu pais

Traz o padê de exu
Pra mamãe oxum toca o ijexá
Rua dos afoxés
Voz dos candomblés, xirê de orixá

Deusa do ilê aiye, do gueto
Meu cabelo black, negão, coroa de preto
Não foi em vão a luta de catendê
Sonho badauê, revolução didá
Candace de olodum, sou debalê de ogum
Filhos de gandhy, paz de oxalá
Quando a alegria invade o pelô
É carnaval, na pele o swing da cor
O meu timbau é força e poder
Por cada mulher de arerê
Liberta o batuque do canjerê

Eparrey oya! Eparrey mainha!
Quando e verde encontra o rosa
Toda preta é rainha

O samba foi morar onde o rio é mais baiano
O samba foi morar onde o rio é mais baiano
Reina a ginga de iaiá na ladeira
No ilê de tia Fé, axé, Mangueira!

https://www.youtube.com/watch?v=RE139oruaio

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