Mangueira recebe Samba da Volta nesta sexta

Mangueira recebe Samba da Volta nesta sexta

A Estação Primeira de Mangueira recebe nesta sexta-feira (15), novamente o Samba da Volta a partir das 19h. O evento vem lotando a quadra da Verde e Rosa desde a comemoração dos 96 anos da escola, em abril. Os ingressos para o “Samba da Volta lá em Mangueira” já estão sendo vendidos em ingresso.mangueira.com.br.

Despretensiosamente um grupo de músicos se reuniu na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio de Janeiro, em setembro de 2021, para levar um som, em frente ao tradicional bar Toca do Baiacu. A vida cultural do país dava seus primeiros passos depois da pandemia de Covid-19. As ruas esvaziadas do bairro, outrora o concorrido coração comercial da cidade, refletiam o estrago causado naqueles quase dois anos de isolamento social e inúmeras restrições. “Sem vacilar, sem se exibir”, a turma — com músicos de diversos lugares do Rio  e até um mineiro radicado na cidade — caiu nas graças do público. O que começou uma apresentação para menos de 20 pessoas, todas amigas, rapidamente cresceu e tomou o trecho da rua, fechado para pedestres, que passou a lotar a cada edição da roda.

Surgia, assim, o Samba da Volta, batizado dessa forma algumas edições depois para refletir aquele momento histórico. Em de 2022, o evento passou para o Espaço Luís Gama, na Rua da Constituição, também no Centro, onde acontece aos domingos, a cada três semanas. O repertório sempre trouxe músicas de grandes nomes do samba, mas desde o início o grupo foi testando também composições próprias, e a plateia, aprovando. Quando se deram conta, eles tinham repertório para o primeiro álbum, Esse é o Samba da Volta, independente, que acaba de chegar às plataformas digitais, com distribuição da ONErpm.

Pedindo a bênção do Fundo de Quintal e de outros artistas da geração revelada pela roda do Cacique de Ramos no fim dos anos 70 e início dos 80, o grupo convocou o produtor Vítor de Souza (que toca com Jorge Aragão e já realizou trabalhos com Xande de Pilares e Marina Iris, entre outros), também responsável por boa parte dos arranjos, que tinha a difícil missão de transpor para o registro o clima da roda do Samba da Volta. “Antes de ser produtor, o Vítor é um músico que está na rua, toca em roda de samba semanalmente, bem no estilo que a gente faz, que tem um repertório semelhante ao nosso e referências parecidas com as nossas”, comenta CH, voz e tamborim no Samba da Volta.

Mas que não se pense que o grupo procurou emular algum artista: pisando devagarinho, o Samba da Volta busca a renovação do gênero musical, reverenciando o passado, mas sem tirar os olhos e ouvidos do presente, e apontando para o futuro. “O pagode dos anos 80 foi um grande mapa. Eles pegaram essas referências e transportaram para dentro do Samba da Volta, mas criando sua própria identidade. E eu procurei, na sonoridade das músicas, unir toques antigos e modernos”, analisa o produtor. “Uma obra tem todo o entorno do momento histórico e cultural em que ela foi produzida. Nós temos diversas referências que são do samba e que não são dele. E tem músicas que dizem respeito ao que a gente está passando agora”, resume CH.

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