Mocidade e Viradouro escolhem sambas que levarão para Sapucaí em 2025
Por Luis Leite
Duas agremiações do Grupo Especial escolheram nesse fim de semana seus sambas para o Carnaval do ano que vem. Com suas quadras lotadas e bandeiras tremulando, a Mocidade, no sábado (12), e Viradouro, no domingo (13), fizeram suas festas.
Na Mocidade, a obra vencedora foi dos compositores Paulo César Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito de Souza, Dr Castilho e Léo Peres.
O resultado foi anunciado pelo presidente de honra, Rogério de Andrade, por volta das 5h. O dirigente afirmou que não está à toa na escola e sim para dar o título. Ele disse ainda que a disputa pelo concurso foi unânime.
Durante o evento, a Estrela Guia de Padre Miguel aproveitou o momento para apresentar suas novas musas que farão parte do próximo desfile: Ericka Sheinneder, Carolina Arjonas, Tati Minerato e Gabriella Mendes.
Em 2025, a Verde e Branco da Vila Vitém será a primeira a desfilar na terça-feira de Carnaval, no dia 4 de março, com o enredo “Voltando para o Futuro – Não Há Limites para Sonhar”, desenvolvido pelos carnavalescos Renato e Márcia Lage, em que fará uma viagem intergaláctica para se reconectar com seu brilho intenso.
Já na escola de Niterói, a parceria vitoriosa também tem como músico o poeta Paulo César Feital, Inácio Rios, Marcio André Filho, Vitor Lajas, Vaguinho, Chanel e Igor Federal.
Feital é autor de sucessos como Saigon, Perfume Siamês e que já teve canções gravadas por Alcione, Chico Buarque, Milton Nascimento, Nana Caymmi, entre outros. Sua primeira composição de samba-enredo foi em 2016 pela própria Unidos do Viradouro, incluindo 2020.
A noite contou com um super show temático, reunindo grande elenco formado por segmentos da agremiação relembrando sambas marcantes sob o comando do intérprete oficial Wander Pires e seus auxiliares.
Erika Januza reinou poderosa à frente da bateria de Mestre Ciça. A beldade que ocupa o posto desde 2021, caiu no samba e mostrou que está em plena forma física.
Em busca do bicampeonato, a Vermelho e Branco vai levar para a Sapucaí, no dia 2 de março do ano seguinte, o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, assinado pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, que conta a história de uma entidade afro-indígena que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu/Trunqueiro. Desfilará no domingo, 2 de março.
Confira, abaixo, as letras dos sambas:
Mocidade
A luz que nos chega da estrela primeira,
Nascida do pó no Cruzeiro do Sul
Do plasma divino das mãos carpinteiras
Ressurge candeia no breu nesse azul
Será que o limbo da imaginação
Perverte a inteligência
O homem com sua ambição
Desconhece a razão desatina a Ciência
Será que há de ter carnaval, sem minha cadência?
Com alas em tom digital
No fim da existência
Me diz afinal quem há de arcar com as consequências?
Se a mocidade sonhar
No infinito escrever
Versos a luz do luar, deixa!
Quando o futuro voltar
A juventude vai crer
Que toda estrela pode renascer
O verde adoecido da esperança
Ofega sobre o leito da cobiça
Quem vive pelo preço da cobrança
Derrama sua lágrima postiça
Fogo matando a floresta
Bicho morrendo no cio
Febre no pouco que resta
Secam as águas do rio
E a vida vai vivendo por um fio
Naveguei…
No afã de me encontrar eu me emocionei
Lembrei da corda bamba que atravessei
São tantas as viradas desta vida
A mão que faz a bomba se arrepende
Faz o samba e aprende
A se entregar de corpo e alma na avenida
O céu vai clarear
Iluminar a zona oeste da cidade
E Deus vai desfilar
Pra ver o mago recriar a Mocidade
Viradouro
Acenda tudo que for de acender,
Deixa a fumaça entrar,
Sobô nirê mafá, sobô nirê,
Evoco, desperto, nação coroada,
Não temo inimigo,
Calopo na estrada, a noite é abrigo,
Transbordo a revolta dos mais oprimidos,
Eu sou caboclo da mata do catucá,
Eu sou pavor contra tirania,
Das matas, o encantado,
Cachimbo já foi facão amolado,
Salve malungueiro, juremá.
Ê juremeiro, curandeiro oh!
Vinho da erva sagrada, eu viro num gole só,
Catiço sustenta o zeloso guardião,
Capangueiro da jurema,
Não mexe comigo não.
Entre a vida e a morte, encantarias,
Nas veredas da encruza, proteção,
O estandarte da sorte é quem me guia,
Alumia minha procissão,
No parlamento das tramas,
Para os quilombos modernos,
A quem do mal se proclama,
Levo do céu pro inferno,
Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado,
Kaô, consagrado,
Reis malunguinho encarnado,
Pernambucano, mensageiro, bravio.
O rei da mata que mata quem mata o Brasil.
A chave do cativeiro, virado no exu trunqueiro,
Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó,
Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo,
Porque nunca ando só.